Existe uma palavra para esse sentimento que você tem após ficar horas rolando os feeds das redes sociais – e a Universidade de Oxford escolheu esse termo como a palavra do ano de 2024. “Brain rot” (“cérebro apodrecido”
O termo “brain rot” refere-se à deterioração cognitiva associada ao consumo excessivo de conteúdos de baixa qualidade, especialmente em plataformas digitais. Estudos recentes indicam que esse hábito pode levar a diversas consequências neurológicas em diferentes faixas etárias.
Consequências Neurológicas em Crianças e Adolescentes
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes tem sido associado a problemas no desenvolvimento cognitivo e emocional. Uma pesquisa publicada na JAMA Pediatrics sugere que o uso frequente de mídias sociais pode tornar o cérebro dos jovens hipersensível a respostas sociais, afetando sua capacidade de atenção e memória. Além disso, a exposição prolongada a telas está relacionada a atrasos no desenvolvimento da linguagem, dificuldades de concentração e problemas comportamentais. Estudos científicos destacam que o excesso de tempo de tela está associado a obesidade, depressão, ansiedade e alterações no sono em crianças e adolescentes.
Consequências Neurológicas em Adultos
Em adultos, o consumo contínuo de conteúdos de baixa qualidade pode resultar em dificuldades cognitivas, como problemas de memória e atenção. Uma pesquisa publicada na National Library of Medicine revelou que o uso excessivo da internet pode produzir alterações na cognição, afetando a atenção e a memória, com mudanças identificadas inclusive na massa cinzenta do cérebro, ou seja, o consumo desenfreado afeta a estrutura do nosso cérebro! Além disso, o uso exacerbado de redes sociais tem sido associado a sintomas de ansiedade e depressão, bem como a uma diminuição da capacidade de tomar decisões e resolver problemas.
Alterações Neurológicas Observadas
O consumo excessivo de conteúdos digitais de baixa qualidade pode levar a alterações estruturais no cérebro. Estudos indicam que o uso prolongado de dispositivos eletrônicos está associado a uma redução da massa cinzenta no córtex orbitofrontal, região ligada ao controle de impulsos e tomada de decisões, area d controle emocional , da aceitação do nao e socialização. Além disso, há evidências de que o tempo excessivo de tela pode afetar o desenvolvimento de substância branca no cérebro de crianças, impactando habilidades como imaginação, controle mental e auto-regulação.
Sinais Gerais – navegar online incessantemente em meio a notícias ruins e o vício em redes sociais são exemplos do comportamento de “brain rot”, que poderia ser prevenido definindo um limite de uso das redes sociais ou fazendo um detox digital.
- Redução da Interação Social:
- Preferência pelo uso de dispositivos digitais em vez de relações presenciais.
- Falta de Interesse por Atividades Enriquecedoras:
- Menor engajamento em atividades que estimulam o cérebro, como leitura, exercícios físicos ou hobbies criativos.
- Cefaleias e Problemas Visuais:
- Dores de cabeça frequentes e desconforto ocular devido ao tempo excessivo de tela.
- Alterações Físicas:
- Postura inadequada devido ao uso prolongado de dispositivos, levando a dores musculares.
Importância de Identificar os Sinais
Esses sinais são alertas para possíveis impactos negativos na saúde mental e cognitiva. I
Enquanto o uso da palavra “brain rot” cresceu 230% neste ano, o termo surgiu há mais de um século. Segundo o Dicionário de Oxford, a palavra foi usada pela primeira vez pelo autor Henry David Thoreau em seu livro “Walden, ou A vida nos bosques” para criticar a tendência da sociedade de desvalorizar ideais complexas em favor das mais simples. “Brain rot” ganhou força no último ano, no entanto, especialmente à medida que as preocupações sobre o impacto do consumo excessivo de coisas online de baixa qualidade cresceram, descrevendo a condição que causa “neblina mental, letargia, redução da capacidade de atenção e declínio cognitivo.
Temos que estabelecer um uso equilibrado de dispositivos eletrônicos e incentivar atividades que estimulem o desenvolvimento cognitivo saudável. Relacionamento em solciadade, contato fisico, atividade fisica, controle emocional com psicoterapia, aliemntacao saudável, estimulo a leitura e discussao de temáticas… sao estratégicas positivas. Intervenções precoces, como limitar o tempo de tela, promover interações presenciais e estimular atividades que envolvam raciocínio crítico e criatividade, podem ajudar a mitigar esses efeitos.
Se os sinais forem graves ou persistentes, é essencial buscar avaliação médica e acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.
Atividades Positivas
- Para Crianças e Adolescentes:
- Atividades Físicas: Incentivar esportes, dança, ou brincadeiras ao ar livre para promover o bem-estar físico e mental.
- Jogos Cognitivos: Puzzles, jogos de tabuleiro e desafios matemáticos para estimular o raciocínio lógico e a criatividade.
- Leitura: Promover a leitura de livros de ficção e não-ficção para melhorar a concentração e expandir o vocabulário.
- Atividades Artísticas: Desenho, pintura, música e teatro para desenvolver habilidades criativas e emocionais.
- Interações Sociais: Estimular encontros presenciais com amigos e familiares para fortalecer habilidades sociais.
- Para Adultos:
- Exercícios Regulares: Praticar atividades físicas, como ioga, caminhada ou musculação, para reduzir o estresse e melhorar o foco.
- Mindfulness e Meditação: Incorporar práticas de atenção plena para aumentar a consciência e reduzir a dependência digital.
- Hobbies Offline: Jardinagem, artesanato, fotografia ou culinária para cultivar interesses fora das telas.
- Educação Contínua: Participar de cursos ou workshops presenciais para aprender novas habilidades.
- Socialização: Promover interações reais com amigos e familiares para fortalecer conexões emocionais.
- Ambientes Propícios
- Criação de Espaços Livres de Tela:
- Estabelecer zonas sem dispositivos eletrônicos, como o quarto ou a mesa de jantar.
- Incentivar conversas e reflexões nesses espaços.
- Adaptação do Ambiente Escolar:
- Incorporar atividades práticas e experiências ao ar livre no currículo escolar.
- Oferecer períodos de pausa para reduzir a fadiga digital em ambientes educativos.
Autor
Dr Luiz Severo