Fevereiro roxo: um terço dos idosos pode desenvolver Alzheimer

DatA

Quase metade dos casos registrados no Brasil tem fatores modificáveis.

No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com a doença de Alzheimer, segundo dados do Ministério da Saúde. Ainda não há cura para esta que é a principal doença neurodegenerativa, mas o diagnóstico precoce permite tratamento farmacológico e de cognição por terapia individual ou em grupo, reduzindo a velocidade da progressão da doença.

Para o neurocirurgião Luiz Severo, o primeiro alerta é para casos com fatores modificáveis. “Quase metade dos casos de demência no Brasil tem causas ou fatores modificáveis, como aponta estudo da USP, presente no Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil, que está sendo elaborado a pedido do Ministério da Saúde”, contextualiza.

São fatores de risco para o idoso desenvolver Alzheimer: idade , menor escolaridade, hipertensão arterial sistêmica, perda auditiva, obesidade, traumatismo craniano, excesso de álcool, depressão, sedentarismo , obesidade , diabetes, poluição do ar, tabagismo e isolamento social.

Rastreio avançado
Segundo Luiz Severo, recentemente o Brasil passou a oferecer um exame de sangue inédito capaz de oferecer um diagnóstico de Alzheimer nas fases iniciais. “O teste norte-americano PrecivityAD2 detecta proteínas que indicam se há presença de placas amiloides cerebrais, uma característica da doença. A testagem é feita no Brasil pela marca Fleury Medicina e Saúde em parceria com a fabricante C2N Diagnostics e não é um exame de triagem, ou seja, não é indicado para check-ups, e sim para pessoas que apresentam quadros de declínio cognitivo”, explica.

O exame ainda não é disponibilizado por meio de planos de saúde nem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), custa cerca de R$ 3,6 mil e precisa ser solicitado por um médico.

IA para auxílio no diagnóstico
A inteligência artificial também tem sido utilizada para auxílio no diagnóstico de condições que afetam o funcionamento e processamento cerebral. “A Altoida é um exame de rastreio cognitivo não invasivo, desenvolvido na Suíça. Essa tecnologia utiliza inteligência artificial e realidade aumentada e é capaz de identificar declínio cognitivo precocemente, com 94% de eficácia na prevenção de doenças neurológicas e demenciais”, afirma o neurocirurgião.

Ciência tem avançado nos estudos da doença
Após 18 anos sem avanços na área de tratamento, a doença de Alzheimer (DA) recentemente teve nova classe de remédio aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória dos Estados Unidos. O aducanumabe, lecanemab e donanemab desenvolvidos pelas farmacêuticas Biogen e Eisai, foram liberados naquele país em junho de 2023.

São os chamados anticorpos monoclonais, que surgiram como tentativa de interromper a evolução da doença.

“A Conferência Internacional da Associação de Alzheimer de 2023, realizada na Holanda, reforçou a avanços no entendimento. Para funcionar, o manejo seria iniciado no paciente muito precocemente, provavelmente ainda assintomático, levando em conta que o paciente que tem depósito de proteína amiloide vai desenvolver doença.
Vale ressaltar que a liberação deste fármaco gerou controvérsias na comunidade científica e os pedidos posteriores para uso dele em outros lugares (como Europa e Brasil) foram negados”, pontua.

Como estimular o cérebro para prevenção
Leitura, atividades manuais e constante aprendizado são estratégias que estimulam o cérebro e auxiliam na prevenção. Ter uma alimentação saudável, tratar comorbidades pré-existentes (como hipertensão e obesidade), praticar atividades físicas e exercícios regularmente também contribuem para prevenir e controlar a doença.

“A reabilitação cognitiva é um tratamento não farmacológico que tem o objetivo de retardar a progressão de perdas cognitivas em diversas doenças neurológicas, como a doença de Alzheimer. Tratamentos clássicos medicamentosos são sintomáticos e não mudam o quadro da doença. Por isso, focamos sempre na prevenção e diagnóstico precoce”, conclui o médico.

Luiz Severo é neurocirurgião especialista no tratamento avançado da dor crônica. É coordenador do Centro Paraibano de Dor (Cepdor), professor de pós-graduação em medicina da dor da Unifacisa e membro do programa de Jovens Lideranças Médicas da Academia Nacional de Medicina.

Assessoria de imprensa

Millena Sousa
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Renata Fabrício
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