Entenda como o álcool afeta importantes regiões cerebrais mesmo em pequenas quantidades.
É fato: a mistura álcool e direção nunca resulta em boas histórias. Dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) compilados pelo Ministério da Saúde mostram que, em 2021, 10.887 pessoas perderam a vida por causa dessa combinação, uma média de 1,2 óbitos por hora. No ano passado, a operação Lei Seca do Detran da Paraíba autuou 2.152 condutores por dirigir sob efeito de álcool.
A Lei Seca, principal norma do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) sobre o assunto, já completou 15 anos, mas os números mostram que os condutores brasileiros ainda não entenderam os efeitos imediatos do álcool no cérebro.
De acordo com o neurocirurgião Luiz Severo, alguns dos prejuízos causados pelo consumo do álcool ocorrem já nas primeiras doses ingeridas. “O álcool já começa a agir sobre os neurotransmissores – substâncias responsáveis pelas trocas de mensagens entre as células cerebrais – quando tomamos uma taça de vinho ou uma lata de cerveja e ainda nos primeiros minutos. Por outro lado, consumos mais intensos e frequentes podem causar prejuízos mais duradouros, que persistem mesmo depois de retomada a sobriedade”, explica.
O álcool atua em três principais áreas do cérebro: córtex pré-frontal, responsável por raciocínio, comportamento e capacidade de decisão; Nucleus accumbens, responsável pela ação motora e Tálamo, que atua na transmissão de impulsos motores entre o sistema nervoso central e periférico. Entre os efeitos imediatos causados pelo álcool no cérebro estão: dificuldade de andar, visão borrada, fala arrastada, tempo de resposta retardado e danos à memória.
“A ação ocorre principalmente sobre dois neurotransmissores: ácido gama-aminoburítico (Gaba), que é um neurotransmissor inibitório. A ação do álcool aumenta a ação do Gaba, causando movimentos lentos e fala enrolada. Aqueles primeiros sintomas de quem está alcoolizado. Essa interferência gera a lentidão de respostas, risco de acidentes e instabilidade postural. Já a serotonina é um neurotransmissor que regula o prazer e o humor. O álcool libera mais serotonina, que é considerado o hormônio da felicidade, mais euforia – e, em alguns casos, atitudes que podem resultar em ações violentas”, avalia.
• Luiz Severo é neurocirurgião especialista no tratamento avançado da dor crônica. É coordenador do Centro Paraibano de Dor (Cepdor), professor de pós-graduação em medicina da Dor da Unifacisa – HELP , Coordenador da equipe de Neurocirurgia do HELP e membro do programa de Jovens Lideranças Médicas da Academia Nacional de Medicina.
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